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António, pequeno viticultor da Bairrada


António Pereira (1890-1958) nasceu e toda a vida viveu no lugar da Mata, Curia, em pleno coração da Bairrada. Aos 9 anos de idade começou a trabalhar como aprendiz de padeiro, profissão que exerceu até aos 30 anos, quando herdou alguns terrenos, por morte do pai. Passou então a trabalhar exclusivamente na agricultura. Eram os tempos do pós Grande Guerra e a miséria grassava no Portugal rural. Mas apesar de viver pobremente da agricultura, em 1925 tomou duas decisões: construir uma casa e enviar o seu filho único, de 11 anos, para estudar em Coimbra. Na aldeia, esta ultima decisão foi considerada uma loucura. Não é que ele queria ter um filho doutor?! Mas a casa ficou pronta em 1928 e o filho terminou o liceu e licenciou-se em Medicina em 1941. Trabalhou muito, apenas com a ajuda da sua mulher, Maria Rosmaninho. A casa foi em grande parte construída com as suas próprias mãos. Para pagar os estudo do filho foi preciso várias vezes pedir dinheiro emprestado. Havia porcos, galinhas e uma horta para as necessidades da casa. Os rendimentos vinham sobretudo de meia centena de oliveiras e de uma vinha com cerca de 2 hectares de uvas baga, a casta típica da Bairrada. Sozinho cavava a terra, podava a vinha, sulfatava as videiras. O vinho era feito na adega da casa e vendido diretamente ao povo ou às empresas vinícolas de Anadia. E assim foi até ter sofrido uma queda que o deixou paraplégico aos 67 anos, quando podava uma oliveira. Morreu de tristeza, alguns meses depois. Era o avô paterno do proprietário da Quinta do Cerrado da Porta

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